Introdução

Na modelagem de processos, podemos utilizar para diversas finalidades, como a automação de processos ou a melhoria de processos. Empresas de diferentes perfis podem utilizar a modelagem de processos, desde a pequena empresa até as grandes corporações.

O que todas elas têm em comum é que uma das primeiras etapas de um projeto de BPM é o levantamento de processos. Esta pode ser a etapa mais complexa de um projeto de BPM, pois a qualidade das informações capturadas nessa etapa irá impactar diretamente a qualidade de toda a modelagem e, consequentemente, de todo o projeto de BPM.

Um levantamento de informações da situação atual (AS-IS) dos processos bem feito permite uma análise de gap precisa e, portanto, um modelo futuro (TO-BE) alinhado com o contexto da organização.

Visando aumentar a qualidade na etapa de levantamento de processos, a dheka criou a Ficha de Processos, um artefato simples que resume as principais informações sobre cada processo em uma única página.

Técnicas tradicionais de levantamento de processos

O levantamento de processos tradicionalmente utiliza uma ou mais técnicas de levantamento, como análise de documentação, workshops, entrevistas, benchmarking, entre outras. Destaca-se a técnica de entrevista como uma técnica insubstituível para o levantamento de conhecimento (BHAUMIK e RAJAGOPALAN, 2009). Até hoje, as empresas amplamente adotam a entrevista como a técnica mais utilizada no dia-a-dia.

Mesmo que a técnica de entrevista ofereça diversas vantagens em relação às outras técnicas, alguns desafios podem emergir devido a dificuldade de interpretação, dificuldade por parte do entrevistado em se expressar corretamente, dificuldades na captura de conhecimento distribuído entre vários colaboradores (BALOIAN et al., 2011), entre outros.

Ficha de Processos

A Ficha de Processos é uma técnica desenvolvida na Dheka com o propósito de dar suporte ao levantamento de processos, mostrando um resumo dos processos em um one-page report. Muitas pessoas têm utilizado esse tipo de artefato, portanto, para apresentar informações em uma visão geral de alto nível. Um exemplo bastante conhecido é o CANVAS de modelo de negócio (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2011).

Em seu template original, a ficha apresenta: objetivos do processo, principais atividades, insumos e produtos. Entretanto, este template pode ser adaptado para apresentar também os atores participantes naquele processo, ou outro campo que seja considerado necessário como: normativos, regras de negócio, sistemas utilizados, entre outros.

Os analistas de processos, em conjunto com os stakeholders, podem preencher as Fichas de Processos durante a reunião de levantamento de processos. Assim, a Ficha atua como um facilitador para a extração do conhecimento de maneira simplificada, obtendo-se os elementos mais importantes do processo para que haja uma compreensão rápida de alto nível daquele processo. Na ferramenta de modelagem de processos, o analista pode levantar elementos para que o stakeholder os visualize e corrija, caso necessário, antes de realizar o desenho do processo AS-IS.

Em outro cenário…

Na equipe de analistas de processos que participam do projeto BPM, podem usar a Ficha de Processos para alinhar conhecimento. Assim, os analistas que estão realizando o levantamento de processos em áreas diferentes podem rapidamente alinhar os processos que estão sendo levantados em tempo de projeto. Isso pode ser muito útil para substituir a leitura de longas atas de reuniões que contém o conhecimento extraído dos stakeholders.

A partir das informações levantadas e registradas, é possível utilizar a ficha como insumo para modelar o fluxo de processo. Assim, iniciamos a representação do processo na ferramenta de modelagem escolhida de forma estruturada e com menor chance de erro ou retrabalho.

Outra forma de uso da Ficha de Processos é, portanto, como instrumento de validação dos processos modelados. Nesse caso, otimiza-se o tempo utilizado na validação dos processos e nos ajustes do fluxo de processos que são feitos após a validação.

Flimple

Além do template oferecido, a Ficha de Processos também pode ser utilizada como ferramenta computacional. Além disso, está disponível através da plataforma Flimple, oferecida de forma online. A ferramenta é intuitiva e permite o armazenamento das fichas com acesso através do navegador.

Para começar a utilizar o Flimple, basta criar uma conta. Em seguida, adicionar um novo projeto, criar um macroprocesso e, finalmente, criar uma ficha.

Projetos na Flimple
Projetos na Flimple

Após preencher os campos indicados basta salvar a ficha no macroprocesso ao qual ela se refere. Desta forma, é possível ter uma fácil organização e localização das fichas dos diferentes processos.

Macroprocessos na Flimple
Macroprocessos na Flimple

Também, além disso, é possível movimentar as fichas entre os macroprocessos de um projeto através de “arraste e solte” tanto na página do projeto quanto na página da ficha, selecionando o macroprocesso desejado. Adicionalmente, é possível atribuir tags às fichas para classificá-las por diferentes assuntos.

No modelo freemium, a Flimple opera, ou seja, os usuários podem utilizar a ferramenta gratuitamente até 5 fichas de processos e também podem pagar uma assinatura para ter acesso completo a todas as funcionalidades que a plataforma oferece.

Cenários de Uso

  • Mobile: A Ficha de Processos pode ser utilizada através de celular, tablet ou computador, bastando ter um editor de arquivo ppt ou acesso à web (no caso do uso da Flimple);
  • Papel e caneta: É comum que durante a entrevista de levantamento de processos, o analista faça anotações em papel, e nesse caso, o template pode ser impresso e utilizado como ferramenta de apoio à entrevista, facilitando o esclarecimento de dúvidas e a exposição do conhecimento por parte do entrevistador, que muitas vezes tem dificuldade em expressar o conhecimento tácito.

Conclusão

A Ficha de Processos é uma técnica simples que pode ser utilizada em diversos cenários: auxiliando na gestão de conhecimento dos analistas de processo durante um projeto de BPM, dando suporte a outas técnicas de levantamento de processos, apoiando a interação com os stakeholders e proporcionando colaboração ao levantamento de processos.

Referências

BALOIAN, N.; ZURITA, G.; SANTORO, F. M.; et al., 2011, A collaborative mobile approach for business process elicitation. In: 15th International Conference on Computer Supported Cooperative Work in Design (CSCWD), p. 473–480.

BHAUMIK, S. S.; RAJAGOPALAN, R. Elicitation techniques to overcome knowledge extraction challenges in “as-is” process modelling: perspectives and practices. International Journal of Process Management and Benchmarking, v. 3, n. 1, p. 47–59, 1 jan. 2009.

OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação Em Modelos De Negócios. Edição: 1 ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011.